Kalísley entrevistou o ator, cantor, músico, diretor de televisão, diretor de teatro e diretor musical, Ricardo Pavão. Na TV já atuou em diversas novelas e minisséries da Rede Globo como Passione, O Profeta, Bang Bang, Cobras & Lagartos, Belíssima, A Casa das Sete Mulheres e atualmente faz uma participação em Malhação e na Rede Record, como Bela, a Feia e Chamas da Vida. No cinema seu último trabalho foi em Tropa de Elite 2.
Kalísley: Como iniciou sua carreira de ator?
Ricardo Pavão: Por acaso, tocava em uma peça e um dia um ator faltou e de tanto ver eu sabia o papel, entrei e o substituí.
KR: Qual a diferença de atuação no teatro e na televisão? E qual você mais gosta de fazer?
RP: No teatro a história é contada inteira durante o decorrer do espetáculo e, portanto você como ator vivencia em uma hora e pouco, toda a gama de emoções, sentimentos e inteligências do personagem, não sendo tão fragmentado como na TV, outra diferença é que no Teatro, o corpo do ator é muito mais solicitado a expressar, já que não tem “close” pra você resolver no olhar, Ih! As diferenças são muitas
Gosto de fazer os dois igualmente.
KR: Como começou sua parceria musical com Chico Buarque?
RP: Como quase tudo na minha vida, por acaso.
Eu fazia parte de um grupo de Teatro Infantil, e éramos bem conhecidos no meio Infantil e de alguma maneira nos especializamos em fazer adaptações de livros infantis. Pois bem o Chico Buarque lançou um excelente livro para crianças chamado “Chapeuzinho Amarelo” o Zeca Ligiero que hoje dá aula na Unirio, participava desse grupo e fez uma adaptação para Teatro do livro. Eu e Chico lá fizemos as músicas a partir do texto do livro e o interessante é que não mudamos nem acrescentamos uma palavra ao que estava escrito, foi um exercício de composição bem interessante.
A peça ganhou todos os prêmios infantis do ano e até virou um disco, um disco de vinil que na época não existia CD.
O Chico Buarque viu, ouviu e disse que gostou.
KR: Como diretor e produtor, gostaria de saber quais trabalhos mais importantes que dirigiu e produziu?
RP: Nossa! Isso é muito complicado de responder, porque vou esquecer-me de algo com certeza, Talvez como diretor toda a série de espetáculos que fiz fora do Brasil na Itália e em Portugal sobre cultura Brasileira, como ator o espetáculo de maior sucesso talvez seja o “Cabaret Valentim” a primeira montagem, mas o que mais gostei de fazer em Teatro fechado foi o grande fracasso “Morrer pela Pátria” um estudo sobre o Fascismo no Brasil e encenada no Teatro Vila Lobos.
KR: E qual o papel mais significativo que já realizou como ator?
RP: Acho que o que mais gostei de fazer foi o delegado de “Chamas da Vida”, me diverti muito fazendo.
KR: Como surgiu a idéia do produzir o CD “Colado na Alma”? As músicas são de sua autoria?
RP: Repetindo-me, foi também por acaso, comecei a gravar umas músicas sem a menor pretensão e algum tempo depois (anos depois) tinha um CD nas mãos, só restou editar e prensar.
KR: Como começou a banda “osKaraveYo”?
RP: Na verdade não foi por acaso, mas foi muito naturalmente... Nós tocávamos juntos principalmente eu e o Bida Nascimento e o Sergio Meireles, há muitas décadas, mas sempre em trabalhos dos outros ou em encomendas, peças, etc.., Nos fizemos juntos um grande Bandão a “SouRio” que fazia uma mistura de Bossa Nova, Soul, Samba Duro e Rock, algo que hoje está muito na moda, esse balanço Seu Jorge, Simoninha e por aí vai. Mas a Banda tinha 13 pessoas só de percussionistas tinha fixo 06, e às vezes nos apresentávamos com 30 elementos.
“Era difícil paca vender um Show, a banda acabou e nós três resolvemos fazer um trabalho mais acústico, mais cantado, mais “Crosby, Still and Nash” e assim pintou OsCaraVelho” e depois por questões de patente de nome artístico tivemos que mudar par “osKaraveYo” com esse KY safado assim mesmo.
E claro a razão do nome é que somos todos acima de 50 anos, somos uns velhinhos bem sapecas, nosso show a gente define como “Rock de Mesa” ou “Roda de Blues”, onde o que vale é a festa já a música nem tanto...
KR: Você tem feito muitos shows?
RP: Toda semana graças a Deus. Principalmente na praia da Macumba ao ar livre ali no quiosque do RUBINHO, próximo a rua 5W quase no fim das praias do Rio, um ponto lindo e cheio de boas vibrações, coisa antiga esse negócio de vibração, né...
KR: Quais os objetivos que ainda pretende alcançar em sua carreira?
RP: Como acho que já deu pra perceber, não faço muitos planos na carreira não, prefiro seguir os acontecimentos sem muitas expectativas, mas gostaria de trabalhar na abertura da Olimpíada, pois tenho muitos trabalhos desenvolvidos fazendo grandes espetáculos na linguagem Etnocenológica. Um teatro do movimento e não da palavra que às vezes é muito restritiva.
KR: E quais seus novos projetos?
RP: Comprar uma casa de frente para o mar... E ficar vendo as ondas e o vento.