Marcio Kieling comenta sua carreira em frente e atrás das câmeras
Kalísley Rosinski entrevistou o ator gaúcho Marcio Kieling. Na TV ele interpretou o Perereca em Malhação, e participou de outras novelas da Rede Globo como Desejos de Mulher, Agora É Que São Elas, Pecado Capital e apresentou durante três anos o programa Globo Ciência, na Rede Record em Bicho do Mato, Amor e Intrigas, Poder Paralelo e A História de Ester além de Os Ricos Também Choram do SBT. No cinema Márcio viveu o cantor Zezé di Camargo em 2 Filhos de Francisco, Gatão de Meia Idade, Vingança, Dores e Amores e Tolerância ao lado de Maitê Proença e Roberto Bontempo.
Kalísley Rosinski: Com iniciou sua carreira artística?
Marcio Kieling: Foi em Porto Alegre em 95 quando comecei fazendo publicidade, fiz alguns comerciais, num deles fui o protagonista e gravei durante 3 dias, a produção parecia de cinema, e foi ali que decidi investir na carreira de ator. Entrei em um curso de teatro, na qual meu tio fazia e me patrocinava, fazia alguns cursos livres, e fui em um, que diretores de Malhação me viram e me chamaram para integrar o elenco de apoio de Malhação, em 1997.
KR: Como surgiu a oportunidade de participar da Oficina de Atores da Globo?
MK: Quando já morava no Rio, eu sempre quis fazer a oficina, pois sabia que muitos atores consagrados tinham saído de lá.
Todo mundo falava que precisava de um Q.I ,famoso "quem indica", então foi aí que pedi para o diretor de Malhação me indicar. Foi quando cheguei nos Recursos Artísticos da Globo e disse que tinha uma indicação, mas me informaram que não se tratava de ter indicação ou não, e sim teria que fazer teste de qualquer maneira. Eu fiz o teste é graças a Deus eu passei. Foi uma grande escola para mim, pois eu era novo, não tinha muita experiência, e por isso não tinha vícios de interpretação. Acabei fazendo duas vezes a Oficina, pois o Tônio Carvalho, diretor, é uma pessoa de extrema sensibilidade e sabia quais os atores que já estavam prontos para o mercado, o que não era meu caso.Rs
KR: Considera que sua carreira é marcada como antes e depois do filme 2 Filhos de Francisco?
MK: Guardo um carinho enorme por todos os personagens. Mas é claro que tem uns que marcam mais e outros menos. Tive a chance de fazer personagens bons, no começo com o Perereca, onde pude brincar com um adolescente inconseqüente. Claro que para um ator que vem da Malhação, um produto que muitos atores acabam passando, nem todos conseguem mostrar sua diversidade no trabalho. O filme 2 Filhos de Francisco foi uma chance de mostrar um algo a mais, por ser um personagem ou melhor uma pessoa real,presente, um ídolo, o desafio era maior pois eu tinha a aprovação ou não do próprio e também por parte dos fãs dele. Fazer cinema, onde você pode se entregar e viver aquele personagem, faz o trabalho ficar muito mais interessante, agradável e gostoso de fazer.
KR:Como foi se despir do ego e da vaidade tendo que raspar o cabelo e ficar barbudo, para viver o personagem Eunnuco, da minissérie A História de Ester?
MK: Um ator tem que estar preparado para qualquer personagem, independente de suas características físicas ou psicológicas. Quando escolhi a carreira de ator já sabia que passaria por transformações para viver personagens de diferentes caracterizações. Sou bem resolvido comigo mesmo Já fui loiro, cabeludo, índio, careca e velho. Nos meus trabalhos nunca tive vaidade e sempre pensei que eu dia faria um personagem que rasparia o cabelo. Confesso que um Judeu eunuco não era o que eu esperava. Mas foi um desafio, e acredito que quanto maior o desafio maior a vontade do ator em superá-lo.
KR: Sei que faz faculdade de cinema. Você pretende trabalhar por trás das câmeras também no futuro?
MK: Fazer faculdade de cinema faz com que o leque de opções se amplie além de saber como funciona uma produção onde o ator é uma peça fundamental. Gosto da fotografia da parte da montagem e da direção, o futuro é agora. Já estou me arriscando por trás das câmeras.
KR: Você viajou para Nova York para rodar o curta metragem Vertigens do Tempo, em que assina a direção. Como foi essa experiência?
MK: Tenho uma receita de aproveitar situações verídicas para virar filme. Fiz um curta metragem nesses moldes, que se chama "Um dia de Mané". Onde aproveitei uma situação que iria jogar futebol no Engenhão.
À princípio essa viagem para NY eram somente à passeio mas como eu ficaria lá uns 10 dias comecei a pensar que poderia fazer um filme. E fiz. Aproveitei essa viagem e fiz um roteiro chamado "Vertigens do Tempo". Precisei da colaboração de alguns colegas da faculdade aqui no Brasil, lá em NY, meu pai que é fotografo fez a câmera, e eu e minha namorada que também é atriz atuamos. Foi bem interessante pois tive a oportunidade de dirigir e atuar ao mesmo tempo, o que é uma tarefa bem difícil. Estou finalizando ainda, o que posso adiantar que vai ser um projeto bastante ousado.
KR: Pretende investir na carreira de diretor?
MK: Ainda preciso estudar muito para virar diretor, para isso tem etapas a serem passadas. Estou fazendo isso, primeira coisa e me formar. Depois seria preciso ser assistente de direção. É claro que estudando cinema faz aguçar esse lado de se auto produzir. Já estou fazendo isso, gosto de edição, fotografia e direção. Vou fazendo meus pequenos projetos até aprender e depois me arriscar a vôos mais altos.
KR: Como é participar do Planet Globe, time de futebol de artistas que fazem partidas beneficentes?
MK: Com a Planet Globe pude realizar muitos sonhos futebolísticos, já fiz gol no maracanã, já fui campeão mundial de futebol na Rússia, já joguei com Zico, Socrates, Dinamite e muitos outros.
Poder jogar futebol, uma coisa que eu adoro, com amigos, e por uma causa, não tem gesto mais gratificante. A Planet Globe é uma família onde tenho muitos amigos onde nos reunimos toda quarta no Clube Federal para uma "pelada" e depois aquele tradicional chopinho.
KR: Qual a sensação de ter participado do desfile da escola de samba Aliança de Joaçaba, Santa Catarina, como destaque de uma das alegorias no enredo que falava sobre o chimarrão?
MK: Caramba!!Como você sabe disso??Pra falar a verdade esse foi um dos trabalhos que fiz no carnaval, um daqueles que você chega na cidade à tarde faz o trabalho à noite e vai embora no dia seguinte. Não tem como se envolver, nem sabia que fui destaque de alegoria chamado chimarrão, agora que soube, gostei, pois estava na ala certa, dos gaúchos.
Sensação única foi esse ano que desfilei na mangueira no dia das campeãs, onde aproveitei e fiz um filme "Samba é o melhor Remédio".
KR: Quais objetivos que ainda pretende alcançar em sua carreira?
MK: Meu principal objetivo é poder viver e me sustentar com meu trabalho, é claro que espero desafios e bons personagens e também continuar fazendo as "minhas" histórias.